sexta-feira, 12 de julho de 2019

Aos 87 anos, veterano da Integração levanta às 3h para correr: "Melhor coisa do mundo"

Tacatsuno Motoyama mostra coleção de medalhas
Foto: Luiz Felipe Longo

A disciplina oriental guia a vida do aposentado Tacatsuno Motoyama. Descendente de japoneses, ele levanta todos os dias às três horas da manhã e, pelo menos três vezes por semana, vai correndo da sua casa, no Centro de Campinas, até a Lagoa do Taquaral para treinar.

A rotina de treinos na madrugada é um dos segredos da longevidade de Motoyama. Cheio de saúde aos 87 anos, ele vai participar da sua 20ª Integração neste domingo, quando será um dos veteranos da prova de 10km.

Praticar esportes é muito bom fisicamente. Não é apenas por divertimento ou algo do tipo, trata-se de uma questão de saúde. Serve para dar uma arejada na mente e é a melhor coisa que existe. Acho que por isso que eu tenho uma vida longa, porque tenho praticado esportes há muito tempo - contou.

Natural de Gália, no interior de São Paulo, o aposentado começou a tomar gosto pela corrida a partir de uma fatalidade. Em 1986, quando pintava uma parede de casa, teve um acidente doméstico e quebrou uma perna. Como parte da recuperação, começou a correr para fortalecer a musculatura. E não parou mais.

Tacatsuno Motoyama sai para correr com uma lanterna
Foto: Luiz Felipe Longo
Motoyama é rígido com os horários. Às 19h, já está na cama para dormir. Quando se levanta, deixa a residência sempre acompanhando de uma lanterna, companheira fundamental para que seja identificado pelos motoristas na madrugada, já que o céu ainda está escuro. Nem os dois assaltos que sofreu durante os treinos fizeram Tacatsuno desistir da ideia de correr antes do sol nascer.

- Eu treino logo cedo por causa do trânsito, vou contra o fluxo de carros. Tenho uma lanterna que ando sempre e vou piscando para que os motoristas possam me ver. Quando volto depois do treino, faço algumas tarefas em casa e depois vou me deitar às 19h.

Além da rotina de treinos, Motoyama adota uma uma alimentação balanceada, mas sem deixar de lado o arroz e feijão. Mais que concluir o trajeto dentro do objetivo de 1h15 a 1h30 na Integração, ele deseja superar os próprios limites para seguir fazendo o que mais gosta por muito mais tempo.

- Tem que ter cuidado com a extravagância, mas arroz com feijão não pode faltar. Às vezes eu como um peixe, uma carne ou um frango, e bastantes legumes. Não vou correr para ganhar (a Integração), mas quero continuar correndo até onde minhas pernas deixarem. Quando não der, vou caminhar, o importante é estar mexendo o corpo - completou.

LINK ORIGINAL: Clique AQUI.

Melhor campanha, torcida e grupo unido: os trunfos do Vôlei Valinhos para voltar à elite da Superliga

Por Luiz Felipe Longo

Vôlei Valinhos está a uma vitória de retornar para a elite da Superliga. Dono da melhor campanha até aqui, com sete vitórias e somente uma derrota (21 sets vencidos e quatro perdidos), o time recebe o ADC/BRA nesta sexta-feira, às 21h, no Ginásio Vereador Ezequiel da Silva.

Por já ter vencido a primeira semifinal por 3 sets a 0 (25/12, 25/19 e 25/17), a equipe valinhense busca mais uma vitória para encerrar a sequência melhor de três e voltar à principal divisão nacional após uma temporada longe. Mas o que explica esse bom momento? Para o técnico André Rosendo, a força do coletivo tem sido essencial.

- Não tem um destaque específico, é o grupo como um todo. Não tem uma pessoa que chama atenção, o destaque é o coletivo, a equipe, não só de atletas, mas também a comissão técnica. Pela primeira vez no projeto, todos estão focados no mesmo objetivo, remando para um mesmo lugar, isso deu liga. O grupo está feliz, tranquilo. Isso mostra como o coletivo tem funcionado - elogiou Rosendo.

Outro fator importante apontado pelo treinador tem sido a relação com o torcedor dentro de casa. Valinhos venceu todos os seis jogos disputados em seus domínios até o momento. A equipe conquistou o direito de decidir as partidas da fase final em casa por ter melhor campanha na primeira fase, quando somou 18 pontos contra 17 do Flamengo, segundo colocado.

- Faz muita diferença a torcida, temos o prazer de não ter apenas torcedores de Valinhos, mas também Campinas, Louveira, pessoas que gostam de voleibol. Isso é importante, estar em casa, melhora a logística. A torcida é nosso oitavo jogador, o tempo todo gritando, leva instrumentos, anima, torce junto. Dá uma sensação de missão cumprida sempre, traz energia positiva. O fator casa é muito importante - ressaltou.

Com planejamento iniciado em junho para o Campeonato Paulista, Rosendo encontrou um time base durante a temporada. Ele é formado pela levantadora canadense Allison Sawatzky, a oposta Franciele, as ponteiras Danielle e Gabrielle Eduardo, e as centrais Gabriella Pena e Marcinha, além da líbero Evelyn. Apesar da expectativa de colher os frutos do projeto, o treinador de Valinhos pede pés no chão para a reta decisiva.

- A expectativa é a melhor possível. Nosso objetivo é entrar focado, como temos feito, sempre lembrando que é um ponto de cada vez, um set de cada vez. Nosso objetivo é ganhar, independentemente de quanto. É manter os pés no chão, sabemos da dificuldade que o adversário vai impor, mas vamos em busca do nosso objetivo, que é a vaga na final, e consequentemente o acesso à Superliga - completou.

LINK ORIGINAL: Clique AQUI.

Reality show, treinamentos e vida na Coreia do Sul: golfista trilha caminho por medalha no Pan

Por Luiz Felipe Longo

Luiza Altman durante tacada de golfe. Foto: Tristan Jones
Quando foram divulgados os nomes dos quatro representantes do Brasil no golfe para os Jogos Pan-Americanos de 2019, em Lima, no Peru, a emoção tomou conta de Luiza Altman. Aos 21 anos, a jovem terá a chance de disputar a competição pela segunda vez consecutiva, após integrar a delegação em 2015. Mais madura e experiente, ela não esconde a alegria pela oportunidade.

– Fiquei muito emocionada com a convocação para o Pan. É uma honra saber que fui selecionada entre tantas atletas para representar o Brasil em uma competição tão importante. Tinha apenas 17 anos, em 2015, foi uma experiência fantástica, um aprendizado maravilhoso – contou a jovem, nascida em Indaiatuba, no interior de São Paulo.

Luiza Altman em competição na Austrália. Foto: Tristan Jones
O caminho até o Pan começou em janeiro, de forma até inusitada. No mundo do golfe desde os nove anos, Luiza participou de um reality show e chamou atenção de um patrocinador, que a convidou a treinar na Coreia do Sul. A tradição do país no esporte e a existência de duas líderes do ranking mundial feminino (Park Sung Hyun e Ko Jin-Young) pesou na decisão.

– Em janeiro, participei de um reality show que passa toda semana na Ásia. Por causa da repercussão positiva, recebi a proposta de um patrocinador para viver e competir na Ásia. É uma grande oportunidade, as melhores golfistas são da Coreia do Sul. Tomei a decisão de vir morar aqui essa temporada, pois posso aprender com essas jogadoras – explicou.

Luiza tem aproveitado a experiência de viver do outro lado do mundo e com uma cultura diferente da brasileira. Ela é só elogios para a Coreia do Sul, principalmente pela segurança. Além dos treinos no esporte, a brasileira estuda via internet na Universidade da Pensilvânia.

– Treino dez horas por dia, focada nas áreas técnica e mental, mas também na física. Estudo na Universidade da Pensilvânia, faço curso online e estudo Bussiness Finance. A cultura foi a maior diferença que encontrei. O povo brasileiro é mais aberto a novas amizades, os coreanos mais tímidos. Mas achei a Coreia um dos melhores países para se viver, a limpeza e segurança são impressionantes. Pego ônibus e metrô a qualquer horário sem preocupações – disse a jovem.

Luiza Altman estuda estratégia antes de tacada. Foto: Tristan Jones

O esforço tem propósito: trazer para casa uma medalha do Pan-Americano, que acontece entre 26 de julho e 11 de agosto. Ela também sonha em ter bom desempenho nas Olimpíadas de Tóquio, em 2020, e disputar os principais circuitos de golfe do planeta.

– Desde o último Pan se passaram quatro anos. Foi um período em que me dediquei aos treinamentos com muito foco e dedicação, estou determinada a ganhar uma medalha. Minha meta é essa, trazer uma medalha para o Brasil no Pan e, depois, nas Olimpíadas – completou.

LINK ORIGINAL: Clique AQUI.

Campineiro descobre basquete em cadeira de rodas após superar tumor e sonha com Paralimpíada

O dia 23 de julho de 2013 ficará sempre marcado para Cristiano Santeri. Foi nesta data que a vida do operador de produção nascido em Campinas, então com 25 anos, mudou completamente, ao descobrir um problema de saúde: Sarcoma de Erwing, um tumor ósseo na região da tíbia esquerda.

Praticante de corrida, Muay thai e futebol com frequência, Santeri precisou tomar uma decisão: realizar a amputação do membro ou passar por procedimento que retirava parte do osso, mas trazia riscos à saúde, como infecções, bactérias e até a volta do câncer. Ele optou pela primeira.

– O médico me sugeriu a amputação, porque eu conseguiria viver melhor com uma prótese do que mancando. Foi um baque muito grande receber a notícia. A vida de atleta que eu tinha me salvou, porque o doutor disse que o câncer estava há quatro anos na perna. Quando há a doença, o osso apodrece, fica sensível e pode quebrar, se espalhando para o sangue e o restante do corpo – contou.

Cristiano Santeri encontrou a modalidade para seguir no
esporte. Foto: Leonardo Ferrari/Gadecamp
Cristiano precisou passar por um ano e meio de quimioterapia, com ajuda de amigos e familiares para superar a doença. Mas o que parecia o fim se tornou um recomeço. Ele conheceu o time de basquete sobre cadeira de rodas da Gadecamp (Grupo de Amigos Deficientes e Esportistas de Campinas) por meio de um amigo do presidente do projeto, Milton Marcelino Ferreira, e entrou na modalidade.

Eu nem sabia que existia o basquete sobre cadeira de rodas. Quando cheguei, falei para a técnica, na época, que logo estaria no time profissional, porque o começo é sempre nos juniores. Estava confiante - contou.

Sonho com a seleção

Hoje aos 31 anos, Cristiano está há três e meio na modalidade, sempre como pivô. Apontado como uma das principais revelações do esporte, sonha em ser convocado para a seleção brasileira e disputar uma Paralimpíada – a próxima edição é no ano que vem, em Tóquio, no Japão.

– Meu grande sonho e objetivo é defender a seleção em uma Paralimpíada. Ano passado, fiz parte dos treinos para o Sul-Americano, no Peru. As pessoas costumam dizer que sou uma revelação da modalidade, mas eu não gosto de falar isso, prefiro que os outros falem. Tenho me esforçado bastante e acho que são grandes as chances de estar na seleção mais para frente – disse.

Técnico da Gadecamp, Mauro Furtado de Souza está há dois anos à frente do projeto e forma a comissão ao lado do preparador físico Alessandro Santos e da psicóloga Elizabeth Fernandes. O profissional deposita suas fichas no sucesso de Cristiano e acredita no potencial do atleta dentro da modalidade.

– O Cristiano foi um achado depois da amputação, por conta do seu tamanho e o crescimentos nos últimos três anos. Ele joga em alto nível, cresceu muito rápido em pouco tempo, devido ao seu físico e a qualidade técnica. Tem tudo para ser um grande nome do basquete em nosso país, não só de Campinas. Ainda tem muito a evoluir, mas o potencial é bem grande – afirmou o treinador.

O projeto

O basquete sobre cadeira de rodas em Campinas começou na Unicamp, em 1992. A universidade tinha o projeto apenas como acadêmico, mas sete anos depois surgiu a Gadecamp. O time é sustentado por empresas que renunciam ao fisco e dão aporte por incentivos nas esferas municipal, estadual e federal.

Milton Marcelino Ferreira, presidente do projeto, explica que atualmente há 35 atletas divididos entre time principal e júnior. Os participantes possuem diferentes patologias, como má formação congênita, lesão medular, paralisia infantil, além daqueles que sofreram acidentes de trânsito, em mergulhos ou foram vítimas de bala perdida.

– Trabalhamos com 15 jogadores no time de alto rendimento e 20 na base, cuja idade é de 13 a 24 anos. Eu tive paralisia infantil com um ano e resolvi participar do projeto da Unicamp por ser bastante interessante. Hoje, jogamos o Campeonato Paulista e o Brasileiro, mas nosso principal objetivo é a inclusão do deficiente pelo esporte – completou o mandatário.

LINK ORIGINAL: Clique AQUI.

Golaços, chapéu em Boselli e amuleto da sorte: Jobson curte fase iluminada no RB Brasil

Por Luiz Felipe Longo

Jobson comemora gol pelo RB Brasil. Foto: Luiz Felipe Longo
Jobson vive grande momento no RB Brasil. Titular com o técnico Antônio Carlos Zago, o volante chamou atenção neste Campeonato Paulista em três lances diferentes, mas que demonstram a confiança: o primeiro gol do Toro Loko na temporada, contra o Palmeiras, o chapéu no atacante corintiano Boselli e o golaço por cobertura que garantiu a vitória sobre a Ferroviária.

– Estou em um bom momento, vivendo uma crescente muito boa. Esses lances marcantes no Paulistão são frutos de muito trabalho durante os treinamentos para que tudo flua naturalmente nos jogos. Na hora, senti que era o que precisava ser feito, pedia aquilo. Estou muito feliz – ressaltou.

A explicação da grande fase dentro de campo está fora dele. A filha Maria Eduarda, de apenas três meses, serve de inspiração para Jobson. Ela foi, inclusive, homenageada no gol contra o Palmeiras, e é tida como um "amuleto" pelo volante.

– O gol contra o Palmeiras foi uma homenagem para minha filha. Costumo dizer que ela é meu amuleto da sorte. Ela está com três meses, mas depois que nasceu, tudo começou a mudar na minha vida – disse Jobson, que tem o lance da estreia como o mais marcante do torneio.

Balançar as redes sobre um dos times mais badalados do Estadual teve gostinho especial para o volante. Revelado nas categorias de base palmeirense, ele integrou o elenco profissional em 2015 e esteve ao lado de jogadores como Fernando Prass, Zé Roberto, Dudu e Gabriel Jesus.

– São grandes jogadores e você aprende muito com eles, é muito bom trabalhar assim. Eles sempre estiveram dispostos a ensinar quem vinha da base e eu sempre escutava tudo que tinham para me falar. O gol foi marcante por ter passado por lá, conhecer praticamente todo mundo. Ainda tenho amigos lá dentro – explicou.

Em parte pela boa fase de Jobson, o RB Brasil vem de duas vitórias consecutivas e está em segundo no Grupo A com oito pontos, quatro atrás do líder Santos. A equipe volta a campo nesta sexta-feira, contra o Ituano, às 18h45, no estádio Moisés Lucarelli, em Campinas.

Veja outros tópicos da entrevista com Jobson:

Passagem pelo Palmeiras

– A minha passagem começou na base, fiquei três meses e depois fui promovido aos profissionais. Com muitos jogadores de nome no elenco, não tive oportunidade, resolveram me emprestar para que eu pudesse jogar. Primeiro teve um empréstimo ao Santo André, depois Nacional-SP, até que se encerrou meu contrato com o Palmeiras. Mas, agradeço muito ao Palmeiras pelo que aprendi lá.

Relação com Antônio Carlos Zago

– Tem sido muito importante para mim, ele conversa bastante comigo, me cobra e, por ter jogado, sabe como lidar com os atletas. Ele sabe nos passar muito do que acontece dentro de campo, tenho muita coisa para aprender com ele, talvez seja o melhor treinador com quem já trabalhei até hoje.

O que esperar do RBB no restante do Paulistão

– Acho que se pode esperar muita dedicação e personalidade. Mas, vamos continuar com os pés no chão, brigando jogo a jogo para conquistar nosso objetivo, que é conquistar a classificação para a próxima fase.

LINK ORIGINAL: Clique AQUI.

Longe dos gramados há um ano, campeão mundial pelo Inter estuda para virar preparador físico

Por Luiz Felipe Longo

Léo Aro com a taça do Mundial de 2006 pelo Internacional
Foto: Arquivo Pessoal

A sala de troféus tem três títulos de respeito: Copa do Brasil pelo Paulista de Jundiaí e Libertadores e Mundial de Clubes pelo Internacional. O início parecia promissor para o atacante Léo Aro, revelado pelo Guarani. A sequência da carreira, porém, foi bem menos brilhante do que se esperava. Hoje, já dá para chamá-lo de ex-atacante. Aos 34 anos, ele deixou os gramados, mas pretende seguir no futebol. Para isso, se dedica aos estudos e tem planos de virar preparador físico.

- (O futebol) foi me desanimando quando comecei a rodar nos times do interior. É doído. Salário atrasado, não tem estrutura, muita coisa ruim. Você vai cansando, vai pensando na família. Meu filho mais velho tem 10 anos, então não dá para tirar da escola o tempo todo, porque contrato curto não dá para levar todo mundo, aí as coisas começaram a pesar - contou o jogador.

A última partida oficial de Léo Aro foi em 15 de abril de 2017, na vitória por 3 a 2 do Taubaté sobre o São Caetano no estádio Joaquim de Moraes Filho, pela 18ª rodada da Série A2 do Campeonato Paulista. O atacante sente saudade de entrar em campo, mas pondera sobre as situações que teria de encarar caso resolvesse retomar a carreira.

- Não vou te dizer que eu não sinto falta, se eu tivesse uma proposta que fosse boa, legal e que compensasse, não pensaria duas vezes. Sinto muita falta. Tenho muita vontade de voltar para fora do país - revelou Léo, que tem passagens por Lecce, da Itália, e Leixões, de Portugal.

O período em que esteve na Europa, por sinal, entre 2009 e 2010, foi bastante difícil. Ele não conseguiu ter muitas oportunidades, foi relacionado apenas três vezes no clube italiano e fez 13 partidas pelo português. A situação na Europa o fez voltar ao Brasil, na decisão que mais se arrepende na vida profissional. Desde que retornou, em 2011, para defender o Comercial, ele rodou por diversos times do interior, como Marília, Bragantino e Inter de Limeira.

Eu abri mão, larguei tudo, quatro anos de contrato, e voltei para o Brasil. É um dos maiores arrependimentos profissionais que eu tive. Se eu tivesse a cabeça de hoje, eu ficaria lá, e não teria voltado nunca mais para o Brasil. Agora é difícil, os empresários tomam conta do futebol. Se você não tiver um empresário forte, é muito difícil de jogar - disse.

Sem perspectiva nos gramados, Léo deu continuidade ao seu curso de educação física, iniciado em 2002 quando ainda estava no Guarani e que precisou parar em virtude da carreira. Recentemente, ele chegou a fazer estágio no time de futebol de amputados da Ponte Preta.

- Ajudei participando de treino, dei treino para o goleiro, dando água, o que o pessoal precisava e estava no meu alcance eu fazia. Como eu tinha um número de horas para fazer de estágio, estava sempre com eles em um período da competição, teve a Copa do Brasil, alguns jogos do Campeonato Paulista - contou Léo, que também é dono de um bufett infantil em Campinas.

Passagem pelo Guarani

Revelado pelo Guarani, Léo nutre um sentimento especial pelo clube. Um dos momentos mais marcantes da carreira aconteceu quando marcou duas vezes na vitória bugrina por 3 a 0 sobre o Corinthians pelo Brasileiro de 2001, no Pacaembu, quando ainda era uma promessa. Depois, ainda retornou ao Brinco de Ouro, em 2014, mas sem destaque, com apenas três jogos e nenhum gol.

- É um dos clubes que tenho maior gratidão. Tenho 34 anos, passei 10 deles no Guarani, praticamente um terço da minha vida. Por ser muito jovem, não tive sequência, fui afastado e me emprestaram. Ainda sim é um clube que tenho enorme carinho e se o pessoal me chamasse para voltar agora eu aceitaria.

LINK ORIGINAL: Clique AQUI.

Após tumor, jovem retoma sonho de jogar futebol no time de amputados da Ponte

Por Luiz Felipe Longo

Hugo "Boy" é do time de amputados da Ponte
Foto: Luiz Felipe Longo
Muitas crianças alimentam o sonho de jogar futebol. Elas brincam de bola na rua, em campos de terra, participam de peneiras... Tudo com o intuito de ser notado e conseguir espaço em algum clube. Mas o que você faria se, prestes a realizar o sonho, sofresse um duro golpe e tivesse de repensar todos os objetivos de vida? 

Foi o que aconteceu com Hugo Ricardo Boy quando tinha 17 anos, em 2011. Praticante de caratê na infância, ele passou em teste no Lemense, time da cidade onde morava, e iria disputar sua primeira Copa São Paulo de Futebol Júnior, o mais importante torneio das categorias de base do país. Durante a fase de preparação, no entanto, ele descobriu um tumor ósseo e precisou deixar os gramados. Foram anos de luta pela vida que lhe apresentaram novas perspectivas para retomar o sonho interrompido. Após superar o drama, ele voltou à ativa, agora como meia do time de amputados da Ponte Preta. 

- Nos treinamentos, meu joelho começou a doer e inchar. Procurei ajuda médica e depois da realização de exames descobri que estava com um tumor chamado Osteossarcoma, que acomete crianças e adolescentes. Precisei sair do time e não consegui treinar muito com a galera - relembrou o jovem, que atualmente está com 25 anos e é formado em educação física.


Hugo fez todo o tratamento em Barretos, no Hospital do Câncer. Ele conta que, no início, os médicos disseram que seria necessária apenas a colocação de uma prótese interna no local afetado, mas o tumor aumentou de tamanho, e foi preciso realizar a amputação da perna direita. 

- Minha mãe não quis assinar o termo de responsabilidade. Eu estava para fazer 18 anos, então eu mesmo assinei. Tinha muita dor no joelho, não conseguia dormir à noite e tomei a decisão. Foi a melhor coisa que fiz. Depois de amputado é batalhar, porque dificuldade todo mundo tem.

Mas a carreira como jogador teve uma reviravolta no ano passado. Hugo viu postagem em uma rede social a respeito do futebol de amputados e foi apresentado a Maurício Mendes, o Juninho, coordenador do projeto da Ponte Preta. O encontro rendeu um convite para um amistoso.

- Quando eu cheguei para ver como jogavam, todo mundo de muleta, eu não coloquei muita fé, falei: “não vai sair muita coisa daqui”. A galera correndo, eu olhei e falei: “se eles fazem, por que eu não posso?”. Sempre fui ligado ao esporte, fazia caratê, então tinha um certo equilíbrio e a adaptação não foi tão difícil - completou o jovem. 

A adaptação realmente foi rápida. Em quase um ano de carreira, Hugo "Boy", como é chamado no meio, se transformou em um dos destaques da Macaca e já tem passagem pela seleção brasileira da categoria.

O projeto

A parceria do time de futebol de amputados com a Ponte Preta começou em 2017, mas foi idealizado há seis anos por Maurício Mendes, o Juninho. Ele nasceu com uma deficiência chamada fêmur esquerdo curto congênito e viu na modalidade a chance de praticar esporte. 

Hoje, é um dos principais nomes da categoria no país, tanto que foi convocado para defender a seleção brasileira na Copa do Mundo, entre 23 de outubro e 5 de novembro, no México.

- É a realização de um sonho na questão de você superar seus limites, todas aquelas palavras negativas, as piadinhas, e você usa isso a seu favor e coloca em prática. Além de realizar o meu sonho, que é ser jogador de futebol, hoje eu consigo realizar o sonho do resto do pessoal, afirmou o meia. 

Juninho, além de jogador, também é coordenador no projeto, assim como Willian Leite, responsável pela parte burocrática, e César Augusto Gonçalves da Costa, treinador da equipe. Os dois últimos estão há cerca de um ano e ajudam sem receber qualquer tipo de compensação financeira. Na última sexta, a equipe treinou pela primeira vez no Estádio Moisés Lucarelli, em uma iniciativa inédita no cenário nacional. 

- O pagamento é emocional, não tem pagamento melhor que esse, é tudo feito de maneira voluntária. Você muda muito, toda uma percepção de vida. Você aprende que uma derrota não é na verdade uma derrota - explica Willian.

Willian (à esquerda) e Juninho (à direita) são dois dos coordenadores do projeto
Foto: Luiz Felipe Longo

Falta de patrocinadores
 

Em países da Europa, o futebol de amputados é bastante popular. Na Inglaterra, Manchester City, Arsenal e Everton possuem times na modalidade, enquanto na Turquia o esporte é até mesmo transmitido ao vivo em televisão aberta. Só que no Brasil a situação é diferente.

No time da Ponte, a parceria permite que seja usado o nome e os uniformes. Custos com viagens e outras despesas são pagos graças à venda de rifas e adesivos, e muitas vezes com dinheiro tirado do próprio bolso dos jogadores e de doações.

- Estamos em busca de patrocinadores e empresários que queiram abraçar o projeto. Todo mundo acha bonito, aí na hora de ajudar não é mais tão bonito assim. Muitos atletas não conseguem vir treinar porque a gente não consegue dar suporte. Meu sonho é que nosso time consiga, pelo menos, bancar as despesas dos atletas - finalizou Juninho.

LINK ORIGINAL: Clique AQUI.

Ginasta desde os quatro anos, jovem de Piracicaba sonha com Olimpíada e tem 258 medalhas

Por Luiz Felipe Longo

Mesmo com apenas 16 anos, Diogo Soares possui uma rotina bem definida. Natural de Piracicaba, ele precisa conciliar os estudos com o divertimento e a ginástica, sua principal atividade. Ele pratica o esporte desde quando tinha quatro anos e, apesar do cotidiano parecer cansativo, o jovem garante que está acostumado.

- Não é difícil conciliar os estudos com a ginástica, porque eu faço isso desde os quatro anos, então já estou acostumado. Tenho que ir para a escola de manhã e treinar à tarde, é tranquilo, desde pequeno fiz isso. Faz parte da vida, é normal - comentou o garoto.

A rotina é baseada em estudar de manhã, descanso para o almoço às 12h20 e treino de ginástica das 14h às 19h. À noite, apesar da canseira, ainda sobra tempo para um pouco de diversão e videogame com os amigos.

Diogo é treinado por Daniel Biscalchin e divide as cinco horas de treinamento diárias entre exercícios que fortalecem braços, pernas, costas e a parte abdominal, além de alongamentos, atividades para musculatura e três aparelhos de ginástica, com duração de 30 a 40 minutos por dia em cada um.

O cronograma de treinos é seguido para que o garoto possa atingir seu grande objetivo: chegar às Olimpíadas. O plano inicial é Paris-2024, mas caso surja a oportunidade de Tóquio-2020, ele também irá abraçá-la.

- Sou apaixonado por todos os atletas que já foram para uma Olimpíada. Eu vejo pela televisão, aquilo é meu sonho. O fato do atleta ter ido para uma Olímpiada, que sei o quanto é difícil, já o torna meu ídolo. Temos trabalhado com o ciclo olímpico de 2024, mas em 2020, já vou ter idade, se sobrar não vou reclamar - brincou Diogo, que é fã do japonês Kohei Uchimura, medalhista no Rio-2016 (dois ouros), Londres-2012 (um ouro e duas pratas) e Pequim-2008 (duas pratas).

Coleção de medalhas

Diogo acumula uma coleção de medalhas nos 12 anos que tem de ginástica. Ele conta que são 258 entre todas as competições que já disputou. As duas mais recentes foram em outubro, nos Jogos Olímpicos da Juventude em Buenos Aires, na Argentina.

Uma delas, de prata, foi conquistada na barra fixa, enquanto a outra, de bronze, se deu pelo individual geral em seis aparelhos. O jovem destacou a experiência que ganhou ao participar da competição.

- Os Jogos Olímpicos da Juventude foram uma experiência que nunca pensei vivenciar. É uma competição difícil. A vila dos atletas, em si, já é incrível, condições muito boas. Foi muito bom estar entre os atletas. A competição me deu muita experiência - ressaltou o piracicabano.

LINK ORIGINAL: Clique AQUI

Diploma universitário, música sertaneja e paixão pela comida: dupla estrangeira se ambiente à rotina no Vôlei Valinhos

Por Luiz Felipe Longo

A chegada a um novo país, com uma cultura diferente, costuma causar a famosa sensação de frio na barriga, sentimento frequente para Allison Sawatzky e Joslyn Hayes desde julho. A canadense e a norte-americana toparam o desafio de morar no Brasil para integrar o elenco do Vôlei Valinhos. Em busca da adaptação à cidade no interior de São Paulo, elas contam com ajuda das novas companheiras de time.

Allison Sawatzky (à esquerda) e Joslyn Hayes (à direita) estão na primeira equipe profissional
 Foto: Luiz Felipe Longo
– Esta é nossa primeira vez por aqui, e o time tem sido muito bom, compreensível com a gente, principalmente em relação à barreira da língua, que elas têm ajudado bastante. Posso dizer que todos têm sido fantásticos. Português é muito difícil, e vir para um país da América Latina em que não se fala o espanhol é diferente – contou Joslyn.

As duas adotam tática parecida para se ambientar à nova casa. Aplicativos de celular e livros infantis são comuns para estudar o idioma. Música também faz parte da rotina – Joslyn, inclusive, se arriscou a cantar um trecho da música "Amor da Sua Cama", do cantor sertanejo Felipe Araújo, durante a entrevista. O desafio de morar no exterior empolga as duas jogadoras, que assinaram o primeiro contrato profissional e mergulham de cabeça na experiência. Allison e Joslyn são unânimes ao elogiarem Valinhos e a comida, principalmente carne e pastel.

 – Morar aqui tem sido bom para a gente, seguro, e estamos nos sentindo bem. Podemos fazer as coisas caminhando para os lugares. Valinhos é incrível, uma ótima cidade. A comida também é muito boa, principalmente a carne – disse Allison.

– Eu gosto de carne e pastel – completou a companheira norte-americana, aos risos, ao citar o salgado que é difícil de encontrar nos Estados Unidos.

Formadas na universidade


Allison e Joslyn são graduadas na universidade, já que nos Estados Unidos é obrigatório o estudo enquanto se pratica o esporte no ensino superior. A primeira é diplomada em um curso semelhante ao de Medicina pela Universidade Texas A&M, enquanto a segunda tem formação em Comunicação na Universidade do Colorado. Elas ressaltaram a dificuldade em conciliar os estudos com o vôlei, o que não necessariamente acontece na nova casa.

Allison Sawatzky é graduada em curso semelhante ao de Medicina
Foto: Luiz Felipe Longo

– Dividir os trabalhos da faculdade com o vôlei é muito mais estressante do que aqui no Brasil, em que você fica focado somente no esporte. Se eu pudesse descrever em uma plavara, definitivamente seria "difícil", mas a universidade dá bastante ajuda com os trabalhos, então conseguimos dividir – revelou Joslyn, que pratica o esporte desde os dez anos.

As duas divergem quando perguntadas a respeito do futuro e o que querem fazer fora das quadras. Allison disse que pretende voltar a ser médica-assistente, trabalho que exerceu ao longo do último ano, enquanto Joslyn, sem planos a respeito, quer focar apenas no momento.

Diferenças entre Brasil e EUA


Apesar de praticarem o mesmo esporte nos dois países, as duas ressaltam que há diferenças no estilo. Com exceção da pré-temporada, Allison e Joslyn não estavam acostumadas a treinar em dois períodos, como acontece em Valinhos. A duração da temporada também é diferente, uma vez que, nos Estados Unidos, os jogos acontecem de agosto a dezembro.

 – Os fundamentos são mais mecânicos. Aqui no Brasil é algo mais pesado, todo mundo ataca forte, enquanto nos Estados Unidos é uma coisa mais estratégica. Não que no Brasil não tenha essa estratégia, mas o pessoal prioriza a força – contou Alisson, que tinha planos de atuar na Europa, mas topou na hora a mudança para o Brasil ao receber a proposta de Valinhos.

 Ainda em fase de adaptação ao estilo do vôlei local, as duas primeiras estrangeiras da história do Vôlei Valinhos viram a equipe estrear com derrota no Campeonato Paulista diante do Barueri. O próximo compromisso pelo Estadual é nesta sexta, às 19h30, diante do Osasco Audax, fora de casa.

LINK ORIGINAL: Clique AQUI

domingo, 13 de maio de 2018

Fake news são preocupação para eleições presidenciais no Brasil

Por Luiz Felipe Longo

A ameaça das fake news, chamadas notícias falsas, fez com que dois dos principais partidos políticos do país, responsáveis por emplacar os primeiros colocados nas últimas seis eleições presidenciais, o PT (Partido dos Trabalhadores) e o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), adotassem medidas para tentar coibir a propagação de informações inverídicas a respeito dos candidatos. 


Paulo Rogério Sabioni, presidente dos Tucanos em Campinas-SP, explicou que os candidatos do partido contrataram empresas para realizar serviços de clipagem durante o período eleitoral. Caso identificada a informação inverídica, há o combate imediato com uma pronta-resposta. É feita uma denúncia e há a propagação da informação correta. “As fake news são muito perigosas na internet. Um simples ‘enter’ atinge milhares de pessoas. Não basta apenas postar uma notícia verdadeira, porque a falsa ganha repercussão maior”. 



O PT adotou estratégia semelhante, conforme revelou o pré-candidato a deputado estadual pelo partido, Renato Simões. Ele afirmou que a pronta-resposta é uma das três medidas para frear o compartilhamento de fake news. Foi criada organização em conjunto entre as redes sociais e assessoria de imprensa para estarem preparados caso seja necessário combate imediato. Os outros métodos utilizados foram a reorganização da assessoria jurídica com estudos de temas associados às falsas informações como direito de resposta, calúnia, difamação e injúria, e a luta pela democratização da comunicação. “Quanto mais transparente e plural for a mídia, maior a garantia de que existirá uma diversidade de opiniões e de posições políticas que permitirão rapidamente desmontar as informações falsas”.


Renato Simões cumpriu mandato como deputado estadual
de 1995 a 2007. Foto: Luiz Felipe Longo
O MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts - link em Inglês), nos Estados Unidos, ajudou a documentar a afirmação do mandatário do PSDB campineiro através de publicado no começo de março. Segundo a pesquisa, que teve como foco as publicações feitas no Twitter por contas de usuários norte-americanos, as informações falsas ganham espaço na internet com maior facilidade e abrangência em relação às verdadeiras. O cientista político Vitor Barletta Machado explica que a maioria das pessoas que fazem parte das redes sociais não confiam nas informações contidas, porém as compartilham. Em alguns casos por desconhecimento da inverdade e em outros porque não estão interessadas em fazer a verificação. “Chega uma fake news de uma pessoa que não gosta, você pode até imaginar que é falsa, mas compartilha. O processo vai se alimentando. Muitas vezes se perde tempo tentando descontruir o fato, e é isso que a fake news quer, que você perca tempo com o estrago sendo feito”. 

As fake news estiveram presentes em 2016 nas eleições dos Estados Unidos, onde o site BuzzFeed (link em Inglês) concluiu que elas possuíram um alcance maior que os grandes grupos de comunicação, como The New York Times (link em Inglês), Washington Post (link em Inglês) e NBC News (link em Inglês). Fizeram parte da corrida presidencial na França um ano depois e devem estar no Brasil antes e durante as eleições, marcadas para 7 de outubro. Elas são usadas para desmoralizar, enganar e propagar informações inverídicas a respeito dos candidatos, apresentando um viés não somente político, mas também econômico e utilizam da instantaneidade e imediatismo da internet como aliados no processo.

No entanto, esse não é um fenômeno recente. O cientista político Vitor Barletta Machado afirmou que as notícias falsas são historicamente produzidas no Brasil, mas que foram potencializadas por conta das novas tecnologias e da internet. “Na própria transição do Império para a República você tem uma fake news que estimulou Deodoro da Fonseca a sair da cama e proclamar a república”.

 

Uso de novas tecnologias nas eleições

A reforma eleitoral de 2017, através da Lei 13.488, permitiu o uso de maneira mais ampla de ferramentas que podem ser encontradas na internet e tenham como objetivo aumentar a propaganda eleitoral e impulsionar postagens dos candidatos e partidos políticos. É uma estratégia que pode ser adotada pelos políticos, já que um estudo da eMarketer (link em Inglês), empresa especializada em pesquisas de mercado sobre mídias sociais, estimou que em 2018 haveria 100,6 milhões de usuários mensais ativos no Brasil, ou seja, pessoas que acessam as redes sociais pelo menos uma vez ao mês. Porém, não só aumenta a campanha eleitoral, como pode levar à presença maior das fake news no processo eleitoral, conforme explica Machado, de que a internet foi responsável por hiperdimensionar a propagação das informações mentirosas devido ao acesso ‘fácil’ e ‘imediato’.


Para o presidente do PT em Campinas, Durval de Carvalho, as redes sociais são onde se circula a maior quantidade de informações falsas, pois todos têm a capacidade de produzir e consumir conteúdo. Entretanto, elas não são as únicas disseminadoras, segundo ele, pois a ‘grande mídia’ também faz parte do fenômeno citando como exemplos o debate presidencial entre Fernando Collor e Lula em 1989, e todo o processo que culminou com o impeachment da então presidente Dilma Rousseff em 2016. “São fake news das mais criminosas. Quando você permite que um órgão de imprensa chegue a esse grau de manipulação, ela está liberando a fake news”.

 

Projetos de lei buscam combater fake news

Há uma série de projetos de lei que possuem como tema central as fake news. Um deles, de autoria do deputado Luiz Carlos Hauly, do PSDB, prevê multa de R$50 milhões para empresa de internet dona de rede social que não apagar notícias falsas publicadas pelos usuários. Em outro, do deputado Carlos Sampaio, também do PSDB, há o aumento na pena de quem propagada injúrias, calúnias, difamações ou inverdades em redes sociais com finalidades eleitorais. As penas variam entre um e cinco anos de reclusão, além de multa que pode chegar a R$2 milhões.


Sampaio diz acreditar que a fiscalização e punição aos responsáveis pelo compartilhamento de informações falsas seja a maneira correta de combater e reduzir a geração de conteúdos no tipo. No entanto, para o deputado, é preciso que o cidadão apure e não compartilhe qualquer matéria que tenha informações consideradas suspeitas. “Há práticas que ajudam nessa verificação, como checar a fonte, apurar, ver se a matéria é assinada e verificar se ela foi publicada em grandes e importantes portais”.


Preocupação para o TSE e empresas


As fake news são uma preocupação para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que montou o Conselho Consultivo que contará com a participação de Ministério Público e Polícia Federal. Ele tem o objetivo de se antecipar a disseminação de informações falsas por meio de robôs e procurar coibi-las. Preocupação essa perceptível nas grandes empresas de redes sociais, como o Facebook, que anunciou em janeiro o apoio a dois projetos no Brasil para ajudar na identificação de notícias falsas na rede, fora outras medidas que haviam sido tomadas como a publicação de um guia contra fake news, mudanças no algoritmo e um botão que permite a contextualização das publicações.



Vitor Barletta Machado é cientista político e professor de
Ciências Sociais na PUC-Campinas. Foto: Luiz Felipe Longo
De acordo com Vitor Barletta Machado, cientista político, as empresas do ramo precisam criar mecanismos que sejam canais de denúncia ágeis para retirar rapidamente de circulação a informação inverídica, enquanto que os partidos políticos necessitam formar setores especializados no tema para ter um acompanhamento. “Chega um momento em que a pessoa não sabe se acredita mais naquilo ou não. Se as pessoas começarem a perder a confiança, o que já está acontecendo, aí vai ser bastante problemático”.

*Produzido para disciplina de 'Laboratório em Jornalismo' (5º semestre)